Bitcoin cai com forte realização de lucros, altcoin dispara 37% e doações de criptos à Ucrânia batem US$ 100 milhões

Alta do Bitcoin não resiste ao apetite por lucros de investidores, que seguem à espera de um acordo que coloque fim na guerra da Ucrânia

 

O salto de quase 9% nos preços de ontem não se mantiveram e o Bitcoin (BTC) volta a recuar para menos de US$ 40 mil na manhã desta quinta-feira (10) em meio a uma forte realização de lucros por parte de investidores da criptomoeda, que seguem aguardando uma definição no conflito entre Rússia e Ucrânia.

O ativo digital vinha de reação positiva ao vazamento e posterior publicação pelo presidente dos EUA, Joe Biden, de um decreto com novas exigências regulatórias para criptoativos. O texto foi considerado positivo e em linha com a ideia de incentivar a inovação no setor.

“O decreto parece relativamente positivo, dando ao mercado alguma clareza”, escreveu Marcus Sotiriou, analista da corretora de ativos digitais GlobalBlock, com sede no Reino Unido, em um e-mail para o CoinDesk. “Como muitos investidores se prepararam para os riscos negativos deste evento, estamos vendo muitos comprarem Bitcoin de volta no que parece ser um rali impulsionado pelo mercado à vista”.

“Há um ano, os detentores de bitcoins tinham medo de regulamentação, e agora o governo dos EUA vê o valor e as perspectivas de longo prazo para inovação e oportunidade”, disse Edward Moya, analista da Oanda, ao CoinDesk.

Em nota ao InfoMoney CoinDesk, Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin, avalia que “as possibilidades, ainda que não concretizadas, de os EUA perderem a hegemonia financeira e de as sanções não mais serem tão eficientes por conta do desenvolvimento do mercado digital se traduzem em uma ordem executiva que parece ter vindo muito mais branda do que o mercado temia.”

Segundo o especialista, os investidores passaram a se sentir mais confiantes, sejam do varejo ou institucionais, mas restaria esperar pela evolução das negociações de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia para avaliar se haverá, de uma vez por todas, uma perspectiva mais otimista para a economia global.

O movimento negativo dos preços hoje pode ter relação com a incerteza em torno da decisão do Banco Central Europeu (BCE) de aumentar as taxas de juros em um ritmo maior do que o esperado.

“No momento, já sabemos que o Fed [banco central dos EUA] vai aumentar as taxas de juros, então não importa como o mercado dos EUA mude, isso vai acontecer. A influência mais considerável no momento pode ser o comportamento hawkish [com tendência de aumento] do Banco Central Europeu nesta semana”, disse Griffin Ardern, trader da gestora de criptoativos Blofin.

“Qualquer movimento inesperado do BCE pode desencadear uma queda no mercado”, acrescentou Ardern.

Por outro lado, há quem diga que a ameaça iminente de crise de liquidez na Europa pode levar o BCE a adiar a política de aperto monetário.

“Existe a chance de que as sanções europeias e norte-americanas ao Banco Central da Rússia provoquem uma crise de liquidez para os bancos europeus que persistirá no futuro próximo”, afirma Chris Vecchio, estrategista do DailyFX.

“Por sua vez, isso pode ser a desculpa que os funcionários do BCE precisam para justificar a manutenção de seu programa de compra de ativos até o 3º tri de 2022 e as taxas de juros mais baixas por mais tempo”, avalia.

Após alcançar perto de US$ 42.500, o BTC é negociado hoje a US$ 39.190, um recuo de 6,6%nas últimas 24 horas. Demais criptos também sofrem perdas generalizadas, com o Ethereum (ETH) caindo 5,5%, para US$ 2.601. Já a Monero (XMR), que chegou a avançar 20% ontem, cede 11% hoje após americanos receosos de uma regulação mais dura abandonarem a ideia de se refugiar em uma cripto anônima.

Entre as poucas que sobem no dia está novamente a Waves (WAVES), um token de origem russa e criada por um engenheiro ucraniano. O criptoativo dispara de preço em meio à guerra e acumula alta de 55% nos últimos sete dias e entra no top 50 por valor de mercado.

Além disso, a THORChain (RUNE) vem de forte alta de 37% após lançar o suporte a tokens sintéticos. Com a novidade, usuários podem negociar Bitcoin, Ethereum e outras criptos na blockchain THORChain a um preço mais baixo e supostamente com maior segurança, sem a necessidade de pontes como a Wormwhole, que sofreu um hack de US$ 326 milhões em fevereiro.

Nesta manhã, o token RUNE também corrige e, da máxima de US$ 5,56, volta a ser negociado a US$ 4,93.

Outro destaque é a Terra (LUNA), que resiste à queda e opera em estabilidade, a US$ 97, o suficiente para subir mais uma posição no ranking de criptomoedas e, pela primeira vez, ultrapassar o valor de mercado da XRP (XRP).

 

 

Doações em cripto para Ucrânia atingem US$ 100 milhões

As doações em criptomoedas para ajudar a Ucrânia a resistir aos ataques das tropas russas já alcançou um total de cerca de US$ 100 milhões, afirmou ontem Alex Bornyakov, vice-ministro da Ucrânia no ministério da transformação digital e porta-voz do governo no assunto de criptomoedas.

Segundo Bornyakov, mais de US$ 60 milhões dos US$ 100 milhões foram recebidos no principal fundo administrado pela corretora ucraniana Kuna. O restante foi enviado para vários outros fundos menores.

Questionado pelo CoinDesk se o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tinha uma opinião sobre o papel das criptomoedas na guerra, Bornyakov disse que, embora Zelensky não tenha dito nada a ele especificamente sobre o fundo de criptomoedas, “ele compartilha nossa visão” de que o uso de cripto poderia ser um “avanço do ponto de vista econômico” e que “temos o total apoio do presidente neste momento”.

Os fundos recebidos pela exchange Kuna estão sendo repassados ao governo ucraniano e gastos em equipamentos não letais, incluindo combustível, comida e coletes à prova de balas para soldados, disse o fundador da empresa, Michael Chobanian, em entrevista ao CoinDesk na semana passada.

 

 

Mineradores de Bitcoin devem se beneficiar de decreto de Biden

O decreto do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a regulamentação de criptomoedas deve estimular a indústria de ativos digitais, incluindo mineradoras, e busca colocar o país “à frente da curva” à medida que as criptos se tornam uma parte importante da economia global, disse o analista Jonathan Peterson, da Jefferies, em nota a clientes.

“Acreditamos que o fato de o governo dos EUA estar agora reconhecendo mais formalmente, engajando-se e aparentemente apoiando a indústria de ativos digitais, será positivo para as empresas públicas de mineração de criptomoedas”, disse ele.

Peterson observou o contraste entre os EUA e a China, que em maio do ano passado proibiu completamente a mineração de criptomoedas e gerou uma onda de novos investimentos na América do Norte. “Vemos essa ordem [executiva] como outro indicador de que o ambiente regulatório nos EUA é mais favorável a mineradoras e criptomoedas”, acrescentou.

Peterson reiterou as classificações de compra das mineradoras Argo Blockchain (ARBK) e Marathon Digital (MARA). As ações de ambas subiram cerca de 15% enquanto o Bitcoin avançava 8% ontem.

 

 

Presidente do BC participa de reunião sobre regulação de criptos no Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reuniu-se com a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) na manhã de ontem para tratar dos projetos de regulação do mercado de criptomoedas no país, conforme a assessoria de imprensa da senadora.

Soraya Thronicke é autora de um dos projetos sobre o tema que foi aprovado, na forma do substitutivo do relator senador Irajá (PSD-TO), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no fim de fevereiro, e havia recebido orientações do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A assessoria da senadora Soraya afirmou que a reunião com o presidente do BC teve a intenção de aprofundar a análise dos projetos existentes e avaliar o que pode ser feito, como a apresentação de emendas.

“A senadora Soraya discorreu sobre questões meritórias das proposições e ouviu o presidente Roberto Campos para gerar um texto de consenso que acomode tanto as disposições aprovadas na Câmara dos Deputados e as disposições aprovadas no Senado Federal”.

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